quinta-feira, 24 de junho de 2010

É bonito, mas não é novidade!

Eu estava até ensaiando escrever sobre o maior evento de decoração do país, a Casa Cor São Paulo, mas depois que fui lá... aiai que preguiça! Foram-se R$ 35,00 para entrar, R$ 25,00 para estacionar, uma hora para chegar, duas para sair (andando a passos largos) e mais 1 hora para voltar pra casa (sorte). Calculando o prejú, foram R$ 60,00 e em média 4 horas (mas lembrando: só se andar a passos largos e tiver sorte com o trânsito). E se você não mora em São Paulo ainda vai gastar a passagem e a alimentação. A minha sugestão é: faça isso ano sim ano não. Afinal, se você veio ano passado já conhece até a locação: o Jockey Clube.

A Casa Cor é um enorme evento comercial, de decoração. Tive a sensação de que não há muita preocupação com o layout, circulação ou funcionalidade, e o que mais importa é ter em seus ambientes móveis e objetos caríssimos e que ostentem bastante. E é claro que eu estou sim generalizando quando digo isso, alguns ambientes são realmente admiráveis. Mas no geral,
Le Corbusier deve estar se revirando no túmulo. A expressão “a forma segue a função”, um principio do design funcionalista, foi esquecida por lá, não que eu queira desumanizar alguma coisa, acredito apenas no equilíbrio. Gostaria de ver na próxima edição algo belo e feito com pouca verba ou um ambiente magnífico apenas com móveis das lojas de “faça você mesmo”... quem consegue? Isso também seria uma novidade. Mas já me contentaria apenas em ver banheiras (de tomar banho mesmo!) mais usáveis do que lindas.


A Casa Cor destaca as tendências que já estão no mercado e já foram anunciadas por aí, como os tons nude, beige e areia. A laca linda, mas cansativamente usada em dezenas de ambientes, foi nesses tons assim como as paredes. Eu, pessoalmente, toda vida adorei essas cores, mas creio que quando se está expondo numa mostra deste tamanho o ideal seria se destacar fazendo algo diferente do que todo mundo já faz. Ou não?


Foi o que fez João Armentano. Pelo visto até ele se cansou da mesmice e resolveu fazer num “porão” (segundo a mídia o menor ambiente da Casa neste ano, com 28m2, à escolha do próprio arquiteto) a toca de um rato e claro que não é qualquer rato, é um Mickey Mouse antenado em design e com essa idéia fez tudo em escala reduzida. A diferença começa pelo vão da porta que temos que passar para entrar, reduzida à metade por uma espécie de tela. Os mini ambientes são reproduções da modinha Casa Cor. É quase uma instalação.

Fora isso... hum... bom... fora isso vá de preferência no fim do dia pra curtir também a iluminação quando anoitecer, preste bastante atenção no labirinto para não passar batido por algum ambiente porque a sinalização é péssima ou estude o mapa que vai receber na entrada, que a propósito começa com a Casa do final e termina na Casa que você vai entrar (a não ser que você seja japonês e leia tudo da direita pra esquerda), mas só percebi isso quando cheguei aqui na minha Casa. Tarde demais.

Por Ana Paula Bertarelli

quarta-feira, 9 de junho de 2010

Do ladinho da 25 de Março

Não que eu goste, mas quando se trata de agradar a minha mãe num raro dia de folga meu, ir ao centro da capital paulistana em pleno feriado pode valer a pena.

Confesso que pra mim é praticamente um castigo andar na Rua 25 de Março... sou totalmente contra os falsificados de todas as espécies e ainda ter que andar esbarrando em Deus e todo mundo, aquele cheiro de sabe-se-lá-o-que, e o barulho do fim do fundo que existe lá é quase enlouquecedor pra mim. Maaaaaas, não estava tão ruim assim da última vez, era feriado e a maioria das lojas estava fechada, portanto menos gente, e ainda pratiquei uma das minhas maiores diversões: combinar estampas e cores!

O que quero dizer é que vale a pena tirar um dia para passear por lá... mas não só na Twenty Five. Eu poderia escrever 50 vezes sobre o centro da capital, afinal ele é recheado de história. Sei que é recheado de outras coisas péssimas também, como os meninos de rua... na verdade não só meninos, mas mulheres, senhores e senhoras de idade, que além de partirem o coração, não nego, dão medo.

Pra exemplificar ta aí o Mosteiro São Bento. Fica bem na portinha do Metrô (Estação São Bento), logo você dá de cara com ele. É onde ficam também as famosas Escola e a Faculdade São Bento. A Igreja é linda, me senti voltando no tempo quando entrei, está muito bem conservada e notei que há um esquema de iluminação mais atual no interior, provavelmente usado a noite nos casamentos, já que ficou na moda casar nessa igreja novamente.

Antes de ir confira os horários no site para não perder viagem. Mas a dica é o domingo às 10 horas da manhã, quando há o Canto Gregoriano ao vivo.

Descendo o histórico e famoso (entre outros motivos por vender produtos eletrônicos a preços estranhamente baixos) Viaduto Santa Efigênia, topamos com a Igreja Santa Efigênia que foi até o ano de 1954 uma espécie de catedral provisória de São Paulo até que a Catedral da Sé ficasse pronta. Ela tem ar neoromântico com algo neogótico, com certeza inspirados nas catedrais medievais do norte da Europa. Pra mim o surpreendente dessas igrejas do centro é o choque entre a feiúra da rua no lado de fora pra atmosfera sagrada de dentro.

E já que falei só de igrejas, não posso deixar de falar da Catedral da Sé. Pra quem conhece um pouquinho de arquitetura sabe que é um templo neogótico e que por suas dimensões é a maior da cidade e está entre os 5 maiores templos góticos do mundo! Não consigo entrar lá e não olhar pra cima... e admirar aqueles arcos! Uma grande (literalmente falando) curiosidade é o órgão vindo da Itália que é o maior da América do Sul; outra que sempre me deixou intrigada desde que fui lá a primeira vez quando era criança é a Cripta, principalmente quando minha mãe falou “aqui tem gente enterrada”. Achei bizarro, e ainda acho, e o pior é que é verdade... isso fica bem de baixo do altar principal. E a outra curiosidade que também é bizarrinha, e achei engraçado, são as velas eletrônicas: você deposita uma moeda e de acordo com o valor é tempo que ela ficará acesa. Será que um centavo fica quanto tempo acesa? Na foto, a cripta e o velário.

E ainda descobri que eu estou bem atrasadinha quanto a essas novidades eletrônicas das igrejas numa matéria de 2008, dois anos atrás.

Apenas lembrem-se de vestir uma roupa confortável e simples, sem bolsa e pouco dinheiro. É só ficar de olhos bem abertos e qualquer coisa recorra a um policial, das últimas vezes que andei por lá havia muitos, por toda parte. Ir na 25 de Março também pode ser cultura!

Por Ana Paula Bertarelli

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Eu VoU de MetrÔ!!

Quem ousa trocar o conforto do ar condicionado por uma estação de metrô?? EU. E olha que não estou ganhando nada do governo, mas confesso: eu me amarro no metrô! Não vou dizer que é gostoso entrar num vagão às 6 horas da tarde de uma sexta-feira e ter aquela sensação de sardinha enlatada. Mas ainda assim eu prefiro o metrô ao caos da superfície. Muito simples: esperar em média 3 minutos pelo próximo trem, enquanto eu perderia 3 horas parada no trânsito, é para mim que nem caixinha de leite: Longa Vida! Ajuda a manter o nível de stress. Sem contar o bem estar por não contribuir ainda mais com o trânsito caótico e com a poluição exagerada característicos da cidade.
Tenho sorte por morar perto do trabalho e ter fácil acesso ao metrô, o que considero até um privilégio de que, certamente, faço uso. Um bom livro a tiracolo, fones de ouvido ou 5 minutos de contemplação das obras de arte que temos em algumas estações me deixam mais feliz. É claro que estou sempre de passagem, mas o dia fica um pouco mais interessante com uma breve "ingestão" de arte. A propósito, conheci o trabalho dos gêmeos (http://www.osgemeos.com.br/) há anos numa estação, mesmo antes da expansão do grafite para as galerias de arte. Trata-se de um trabalho imaginativo e lúdico onde seres de corpos amarelos e olhos bem pequenos estão sempre ambientados em um mundo paralelo e surreal. Liberdade de expressão e uma sutil crítica social são percebidas em seus painéis. Suas imagens estão espalhadas por toda a cidade de São Paulo e também pelo mundo afora.
Valorizo muito a proposta de arte ao alcance de todos. Falta agora “apenas” o governo investir no ensino, para que a maioria das pessoas seja no mínimo capaz de conceber uma leitura das obras.
Vejam algumas das mostras expostas atualmente em algumas estações:

-As Fulaninhas (Estação Tucuruvi e São Bento/10 a 31 de Maio)

Exposição de Thais Stoklos, em homenagem às mulheres brasileiras. A mostra celebra a mulher, satirizando um dos seus maiores aspectos: a vaidade. As personagens são representadas com muito volume, cores e formas e é, no mínimo, divertido observar a exuberância e diversidade das Fulaninhas.

-Relicários de Frida Kahlo (Estação Sacomã/10 a 31 de Maio)

Cristina Bottallo utiliza técnicas variadas de colagem e pintura. Seu objetivo é expressar a devoção que nutre por Frida Kahlo, um dos maiores ícones do cenário artístico Mexicano. Encanta pela riqueza de detalhes e pelo resgate da valorização da artista.
Nas “galerias” subterrâneas existe arte com qualidade e acessível para todos, mais um bom motivo para me render ao uso do metrô.
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Postado por Andressa Galvão.